A crescente popularidade do vape e do cigarro tradicional entre os jovens levanta importantes questões sobre os efeitos da nicotina no corpo e as diferenças entre esses métodos de consumo. Neste artigo, exploramos os impactos da nicotina no organismo, destacamos as diferenças entre o vape e o cigarro tradicional, e discutiremos os riscos do vício.
Introdução
Fumar está cada vez mais presente na vida dos jovens, seja através do cigarro tradicional ou do vape. É essencial entender os efeitos da nicotina no corpo e as diferenças entre esses métodos de consumo. Além disso, conhecer os malefícios que o vício pode causar é fundamental para evitar que mais jovens caiam nessa dependência.
No Brasil, mais de 9% das pessoas com 18 anos ou mais são fumantes, segundo dados de 2020 da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019, 22,6% dos estudantes de 13 a 17 anos no país disseram já ter experimentado cigarro pelo menos uma vez na vida, enquanto 26,9% já experimentaram narguilé e 16,8%, o cigarro eletrônico/vape.

O que é Nicotina?
A nicotina é uma droga que se liga a receptores no cérebro, causando a liberação de vários neurotransmissores. Isso resulta em uma sensação de prazer e alerta, mas também é altamente tóxica e viciante. Em poucas semanas, um novo fumante pode se tornar dependente. A nicotina exerce sua ação farmacológica ligando-se a receptores colinérgicos nicotínicos (nAchR) presentes nos gânglios autonômicos, junção neuromuscular e sistema nervoso central (SNC).
A estimulação desses receptores resulta no aumento da liberação de vários neurotransmissores. A nicotina é uma droga de alta toxicidade. Há mais de um século que vem sendo usada como inseticida contra pragas da agricultura.
Vício e Dependência: Quem começa a fumar na adolescência tem mais chance de desenvolver uma dependência severa. Aqueles que começam a fumar por volta dos 14 anos, cerca de 90% já estão dependentes aos 19 anos. Estudos demonstram que quem inicia o hábito de fumar entre 14 e 16 anos desenvolve uma dependência muito maior da nicotina em comparação com os que experimentam o primeiro cigarro após os 20 anos.
A maior vulnerabilidade dos adolescentes à nicotina se deve ao fato de que seus cérebros ainda estão em desenvolvimento. A retirada da substância pode causar sintomas como ansiedade, depressão e dificuldade de concentração.
Além da idade de exposição, fatores genéticos também podem favorecer a dependência da substância.
Síndrome de Abstinência: A síndrome de abstinência é caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas que são geralmente opostos aos efeitos imediatos das drogas, causando grande desconforto ao indivíduo e evidenciando a dependência física. A dependência física resulta das adaptações que diferentes sistemas do corpo sofrem devido ao uso prolongado das drogas. Essas adaptações se manifestam como tolerância ao longo do uso contínuo e como síndrome de abstinência quando o uso é interrompido.
Além do desejo intenso pelo tabaco, a síndrome de abstinência em humanos inclui bradicardia, desconforto gastrointestinal, aumento do apetite, ganho de peso, dificuldade de concentração, ansiedade, disforia, depressão e insônia.
Efeitos da Nicotina nos Cigarros Tradicionais
Os cigarros tradicionais contêm nicotina e milhares de outras substâncias tóxicas. Não se introduz nicotina pura no organismo. Portanto, a nicotina é administrada ao organismo com milhares de substâncias tóxicas que existem no tabaco. Já foram isoladas cerca de 6.700, das quais 4.720 bem identificadas quimicamente. O tabagista ao inalar a fumaça, com a nicotina da qual está dependente, inala juntamente, em média, 2.500 substâncias lesivas ao organismo. A fumaça do cigarro afeta todo o corpo, aumentando a frequência cardíaca e a pressão arterial, e pode levar a doenças como aterosclerose e câncer.
Além disso, o tabaco está relacionado a problemas de pele, perda de peso e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).
Efeitos da Nicotina no Vape
Os vapes são promovidos como uma alternativa menos nociva aos cigarros tradicionais. No entanto, eles ainda apresentam riscos significativos, especialmente para jovens que nunca fumaram antes. Os vapes podem conter de 14 a 100 vezes mais nicotina do que os cigarros, aumentando o risco de dependência.
Comparação Direta: Cigarros Tradicionais vs. Vape
- Concentração de Nicotina:
- Cigarro: No Brasil, a Anvisa estabelece como limite máximo 1 mg de nicotina por cigarro.
- Charuto: Pode conter até 100mg de nicotina, sendo absorvida pela mucosa bucal e passando diretamente para a circulação sanguínea.
- Vape: Pode conter 57 mg de nicotina por ml de líquido, logo 5ml em um pequeno frasco equivalente a 285 cigarros ou cerca de 14 maços. Existem frascos com concentrações muito maiores. E então, é pouco o que você está fumando?
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Conclusão
A nicotina é altamente viciante e seus efeitos são semelhantes aos da cocaína e heroína. Ela libera dopamina, um hormônio relacionado ao prazer, o que contribui para a dependência. Para parar de fumar, é essencial buscar tratamento médico e psicológico. Existem programas de apoio que podem ajudar nesse processo.
Hoje é disposto de gomas ou adesivos de nicotina juntamente com medicação antidepressiva, que auxiliam na prevenção da síndrome de abstinência e recaídas. Mas a decisão de interromper o uso de cigarros deve vir do paciente primeiramente. O acompanhamento psicológico também auxilia na largada do vício. Pode existir um programa para tabagista no seu município, com grupos de pessoas que têm o mesmo objetivo de interromper o vício no cigarro. Procure ajuda se é seu desejo parar de fumar.